O Ponto de Mutação (The Turning Point), de Fritjof Capra, insere-se como um livro físico-filosófico capaz de subsidiar a análise interna e autorreflexiva de todas as ciências da atualidade. Possui, na verdade, uma abordagem científica ímpar, sobretudo no cenário das obras físicas da atualidade e da forma como trata as teorias que, ao longo da história, deram conta de atualizar o conhecimento humano a respeito do mundo e dos organismos vivos.
O livro é dividido em IV capítulos, partindo de uma análise das ciências contemporâneas e das crises por elas enfrentadas, não deixando de mencionar os paradigmas teóricos que, sobretudo no século XX, mudaram os rumos do conhecimento científico. O capítulo III dá especial atenção ao pensamento cartesiano-newtoniano e a influência do mecanicismo nas ciências em geral e na sociedade como um todo.
O capítulo IV hospeda as formações intelectuais acerca da “nova visão da realidade”, alocando conceitos aparentemente afastados do âmbito científico, tais como organicidade, holística e Idade Solar.
De modo geral, a obra de Capra condensa inúmeros aspectos que a ciência tradicional tendeu, ao longo das décadas, a desconsiderar como formas válidas de produção do conhecimento. Ademais, trata-se de uma crítica severa e fundamentada aos meios e concepções que se usou- e ainda se usa- a ciência para responder às perguntas postas pelo próprio contexto epistemológico do mundo.
Seguindo uma lógica semelhante à usada em O Tao da Física, obra de Capra publicada em 1975, O Ponto de Mutação privilegia uma visão organicista, holística e abrangente da realidade física e geral do universo, fazendo constar, paulatinamente, a falência dos modelos concretos usados ao longo da história para inscrever a verdade, não deixando, ainda, de dar atenção peculiar às diversas outras formas de explicação da realidade que não unicamente a científica.
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