A fenda,
do silêncio eterno,
sobre mim - hoje estou sem você -
apenas sobre esta minha sombra,
enebriada, estriada, não seria sôfrega?
Deixei-vos - a ti também - ressonando,
à parca luz,
as arredores da curva,
para tomar esse rumo de hoje,
a só, bebericando.
Espero,
- meu deus tantas coisas -
que a tarde passe, a noite idem.
Que passemos,
qual não passaram (passarão) todos.
Alongo-me,
no assunto fugaz
- antes era, eu juro -
para não esquecê-lo?
Talvez por isso.
Quantos eram?
- falo de outra coisa -
que na rua iam, boquiabertos,
repetindo que as casas velhas - isso! -
eram boas para a História.
Que mundo!
- idiotices - abusado!
Retardando em mim este "pense, pense!",
muita exclamação, pilhéria.
Muitos 'is' sem ponto.
Sal grosso não,
- nas portas de casa -
por que, São Judas Thadeu? Tadeu.
Adoçar é um verbo melhor.
Que não o meu.
Mas senão o quê?
Fingir que é doce,
- a vida, é claro, o que mais? -
e que somos certos, de tudo,
menos imbecis, menos bolhas.
O silêncio
- pende sobre todos -
quando é hora de confessar-se.
quando nossa hora acaba,
e começa a valsa do outrem.
Queremos,
- presunçosos -
dançar a valsa alheia,
quando em nosso tempo,
queremos acumular, contabilizar.
Não, mais!
Diria-nos um anjo,
não torto - que anjos não são tortos -
vá ocupar seu lugar, fanfarrão.
Teu tempo passou.
Odeio vômitos,
- capaz porque fedem -
porque somos nós mesmos, fartos,
extenuados do 'si-mesmo',
caducos da nossa própria voz.
Mas,
- ah sempre o anjo -
se ele pedisse, como quem nada quer:
"Vamos, então?"
Vai recusa-lo, se a dança mesma acabou?
Por que,
- afinal e diante de todos -
insiste em recusar, em dizer "não"?
Nada mais há, nada.
E queremos continuar alheios,
assistindo, assistindo, assistindo...
A fenda,
do silêncio eterno,
sobre mim - hoje estou sem você -
apenas sobre esta minha sombra...
Nenhum comentário:
Postar um comentário