quinta-feira, 6 de março de 2014

O melhor de nós

A morte,
que soca, em socos,
duros no rosto,
a vida, destemida,
como pode ser assim?
Destemida? Desde quando?

O vaio,
a valha, em palha se faz,
rasgos no avental,
como se tudo se rasgasse,
como se nós nos rasgássemos.

Escuro,
o ponto, cruz nossa de cada dia,
que sobrecarregamos, nós mesmos,
como que fardos,
duros calos d'alma, essa porta entre-aberta.

Agouro,
o ácido sulfúrico, nossa prisão,
nossas costas laceradas pelo rebenque,
pelos ócios, pelo medo de fugir,
dessa droga devassidão.

Perder,
como se tivéssemos algo,
a deixar, a morrer no parto,
ao duro acaso da maldição do acomodar-se,
como se fossemos corajosos - uma figa que somos!

Embora,
era a dúvida, a preguiça,
a corticeira rebelde que dava musgos,
ao invés de rolha, ao invés como nós,
que damos tanto menos o melhor de nós.

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