segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

[fragmento]

Bebia o café com gosto, fazendo careta após cada gole. Coçava-se, mexia nos cabelos, cheirava as meias antes de usá-las. Cada gesto era natural, espontâneo, sem premeditação ou alarido. As coisas que tinha na cabeça dizia de uma vez, sem pudor ou medo de ser mal compreendido. “Como ele pode ser assim”, pensava Miguel. Ele, tão diferente, raramente dizia o que se passava em seu coração e mente. Chegava – ao contrário do amigo – a não olhar diretamente nos olhos, para não ser descoberto.

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