terça-feira, 8 de julho de 2014

O menino da entrega

Mas me deixem contar-vos algo, chegou aqui um moço para entregar o galão d’água e era um menino magro de uns 17 anos e, pelo jeito, não gostava do que fazia, mas isso é outra história, não devemos nos meter, que se meter em algo assim seria ilegítimo, a menos que ele estivesse sendo forçado, que aí não é só bom, mas é dever e dever não se descumpre, sob pena de omissão, o que seria horrível para a minha reputação, mas veio ele e fez tudo direitinho, lavou o suporte, fez testes com o aparelho e deixou tudo funcionando, que era sua função, ou seja, fê-la bem, apesar daquele aspecto de parecer não gostar do que fazia, mas o fato é que fez e fez bem, apenas tendo se recusado a receber o pagamento em moedas, é ruim de carregar, disse ele, e eu retribuí, problema seu, sabendo que era meio grosseiro, mas na verdade o problema era mesmo dele, que era quem carregava as ditas moedas, então ficamos nesse vai e vem e ele querendo receber em cédulas, quanto menos cédulas melhor, ainda teve a coragem de dizer e eu, instruído, disse que o risco da atividade era dele, ou do chefe dele, ao que me respondeu, o senhor é mal educado e eu, desconversando, disse, quer então levar a água de volta? e ele, não, não posso, já instalei no equipamento e eu, então não vou pagar, e ele, então vais preso, ao que respondi, neste país não se vai preso por dívida e ele achou que eu era arrogante, sendo que ao final levou as moedas, sem contá-las, e saiu resmungando e eu me pergunto, moralista que sou, o que estão ensinando para essas crianças?

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