sábado, 4 de janeiro de 2014

O insosso discurso: direitos humanos e seis premissas simples

Premissa um: não se pode mais pensar sem ter em mente, como ponto de partida, o que são e para quem são os direitos humanos. São garantias e, é claro, para todos. Já sabemos.
Premissa dois: certos ativistas de direitos humanos estão equivocados. Escrevem páginas chatas, insossas, sem graça e atratividade para dizer que todos precisamos de condições, que temos direitos iguais, que devemos buscar a solidariedade e essas coisas. Fazem o discurso para os outros, àqueles que, ao que julgam, são ignorantes e precisam ser esclarecidos. Bobagem: a) eles mesmos precisam de esclarecimento e b) é tempo de pensar que "os outros" fazem conscientemente, como parte de um projeto maior de dominação. É muito ingenuidade ou burrice pensar que todos os que se formam em direitos humanos aprendem o respeito.
Premissa três: certos ativistas, que se anunciam como tais, conseguem ser tão fundamentalistas quanto qualquer anti-DH. São agressivos, demagogos e, como regra, se usam da filosofia - velha, rançosa e aristotélica - para queimar argumentos, mormente no tocante ao aspecto da validade do raciocínio. Ou seja, o método que se utilizam é repelente ao diálogo.
Premissa quatro: a defesa de certos ativistas de direitos humanos é genérica, universal e, por isso mesmo, idiotizada. A igualdade e liberdade são conceitos universais somente nos tratados de filosofia e política. De resto, ela existe na rua, na sua casa, no seu trabalho, e somente nesses contextos tem qualquer sentido. Mesmo que afirmada - como no Brasil - dentro de um ordenamento jurídico, é outra burrice pensar que todos devam ser, em todos os aspectos, livres e iguais. Tem-se, contudo, o infalível argumento que usam: comer, morar, beber, tudo dignamente, isso deve ser alcançado a todos. É verdadeiro este argumento. Mas a defesa que estes certos ativistas fazem justamente mascara esse aspecto simples e esclarecedor da questão. Falam tão demasiadamente e com o que acreditam seja sua melhor linguagem, que turvam uma questão simples. Vide premissa três.
Premissa cinco: educação em direitos humanos é auto-formação. Quando estes certos ativistas - talvez não sejam sequer a maioria - dizem que o conhecimento é fonte de esclarecimento e entendimento acerca do que são, como são e para quem são os direitos humanos, afirmam mais do que o fato de ser necessário conhecer. Querem, isso sim, o elitismo da questão: a propriedade de quem estudou o assunto. Sua vontade é escorrer o assunto para o pantanoso chão da filosofia que professam, onde (premissa três) compõem arranjos imbecis e sem sentido. Porém, há aqueles que, mesmo formados no tema, são cagões e sem coragem para, ao fim e ao cabo, dizer o que pensam sobre o assunto. Dizer que a especialização só reforçou os estigmas. Acho que é isso que as especializações fazem: reforçam, agora com ancoração na ciência, as velhas e pobres noções sobre os direitos humanos. Sustentam - vejam só - a luta que não vivenciaram para dizer que são herdeiros de heróis. Tudo imbróglio. Muitas pessoas fazem mais pelo direito dos outros que ativistas de jornais.
Premissa seis: os que não amam César não o conheceram direito. Essa ideia já foi apresentada antes, nas outras premissas: o ignorante não respeita os direitos humanos, é preciso esclarecê-lo. Tomemos outro enforque, aqui. Querem, na verdade, dominar o discurso. Querem ser chamados para palestras em faculdades. Querem emitir pareceres. Não tem nada a ver com os direitos humanos. São acadêmicos de direitos humanos. Daí o porquê das pessoas pensarem que a filosofia - usada por estes certos ativistas - não serve para nada. No tema dos direitos, quando do seu trabalho acadêmico não brota nada a não ser páginas de revolucionário de lousa e giz, então não serve mesmo para nada. Não adianta um lattes cheio de artigos se você é um imbecil da vida real.

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