Sentou-se à mesa.
Escrever, para escrever sua ética.
Elucubrar sob o teto cor pastel.
E a vela, tremendo, a sujar as ideias.
Tinha a precisão.
De entregar, pela manhã, a resma preenchida.
O couro gasto, da mão bagaceira.
Escrever, para escrever sua ética.
E não podia barulhar.
Era tarde.
Uma Santa Rita de Cássia fazia cara feia.
Ali, emboletada na mesinha.
Calado, a mijar pelos dedos.
Contemplar a beata.
Imaginando senão o dia nascente.
Imaginando senão o dia nascente.
O dia estava presente.
Na noite, à luz da vela.
Vivia mais o outro dia,
para escrever sua ética.
Para que tanto escrever?
Para os quais tormentos?
Gastar tempo mesmo com tolos,
que preferem a santa.
Pegasse uma cópia,
do breviário pálido, gélido.
Desse-o, então, ao editor.
Era o mesmo, senão melhor.
Escrever, para escrever sua ética.
Que nada valia, era certo.
Era forçoso lê-la.
Era bonito rezar. Para quê?
O galo cuspiu na vela.
O dia achegado, já o tinha vivido.
Na noite passada.
Foi dormir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário