quinta-feira, 4 de abril de 2013

És tu, Chan!

- Pouco mais de meia hora, Chan!
Alguns escutaram, que o balbucio repinicou pelo salão. Chan, contudo, nada disse. A veterana senhora da recepção arqueou as sobrancelhas. Apenas este protesto breve. Uma espátula ressentia-se do latão aquecido. A carne de cordeiro chiava e, ao seu lado, dava-se ordens. Uns vestiam branco; outros lilás; outros bordô com creme. No mais, um Channel 5 hostilizava as begônias.
- Não vou alardear outra vez, Chan!
Alguns escutaram, de novo. Chan, contudo, nada disse. A veterana distraiu-se com bolinhas tailandesas por detrás do balcão. A moça do Channel, em riste, deixou o salão logo após esses eventos deselegantes. O escanção balbuciava nesta noite do uísque. Distraía-se ora com o quadro de Penélope e a máquina de fiar; ora com o tritão e os golfinhos.
- Voilà!
Chan revolve-se. Todos revolvem-se. Penélope, tritão e os golfinhos mantêm firmes. Hora de um simples first course. Depois, com mais salamaleques, o prato principal.
- Vamos esperar pelos outros, Chan?
- E não estão aqui, por acaso? Somos nós mesmos; os outros de nós mesmos. E por quanto não te tens perguntado acerca do que fazer? E, acaso, as tuas dúvidas não são senão interrogações de um você-mesmo que desconheces?! Ora, Anita, tens de ser mais amiga de si mesma. Saia mais consigo e mesmo traga flores a si mesma no aniversário. Sê paciente consigo e verás que, a despeito de tua rotina, és senão uma consciência dupla rumo à felicidade.
- Podemos comer agora?

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