sexta-feira, 8 de março de 2013
Maria era violenta.
Maria era violenta com os irmãos, com o pai e a mãe ruiva que tinha. No mercado, tomava um corte de carne e sujava o traje branco, quando então saia do mercado correndo, com as mãos no peito e gritando, abarrotada de chocolates. Não se benzia quando passava na Igreja de Santa Catarina de Sena. Às vezes fitava de revés a roda espinhenta que a santa trazia ao lado, nunca tendo a ela gastado uma prece. Não teve paciência, nem teve virtude, nem teve filhos, nem teve posses. Foi-se como veio, a despeito da lógica do mundo. Era violenta com o mundo. O mundo, este santo de pessoas boas, sequer a compreendeu. Ou era a pressa ou o lucro ou a religião ou a safadeza ou a esperança. Essas coisa mataram Maria, que não sorria. Morreu e foi encravada no Cemitério do Grajaú. A norte e sul, santas choronas e presas no mármore lhe guardavam. Mas de quê deus do céu? Guardavam de quê?
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