domingo, 28 de outubro de 2012

Fragmento

Vi o monstro a tomar chá assim que dobrei a Quinta com a Boa Vista. A erva, fumegante, parecia descer-lhe escorregadia pela garganta, sem oposições. Os transeuntes não o haviam notado, que andavam mesmo sem pressa e despreocupados. Mas estava lá desde às 17. Já o havia notado antes, a comprar selos antigos no jornaleiro da esquina. Selos para colecionadores, já que não são mais empregados no serviço postal. Mas isso de já tê-lo visto antes não fez ilidir-me na apreensão. Tive de novamente me conter. De sustar em mim o seguimento das formações criativas que traquinava. Fiz isso de tomar o instante em apreensão, ainda que não tenha voltado um só passo na direção oposta à do algoz. É o meu orgulho, sempre maior que minha prudência.

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