domingo, 26 de agosto de 2012

Por que uma boa filosofia deve criticar a ciência?

A enunciada crítica à ciência não é apriorística ou meramente tautológica. Ela se funda na incompreensão interna que falta à ciência de que o seu processo constitutivo explica a partir de um prisma a realidade, mas não o é de forma totalizante e única. Se a espinha dorsal da ciência é definida por seu método e objeto, como que delineadores intrínsecos, então se está diante simplesmente de uma escolha apurada a partir do extremo empirismo e constituição imediata das coisas. Não existem elementos na ciência que a definam como o ponto de vista mais óbvio, já que trabalha a partir de uma decomposição sistemática e reiterada de processos naturais. Ou seja, não há supremacia a priori dentro do trabalho do cientista. Ademais, a Filosofia não contém, ao menos imediatamente, nenhum rancor em relação à ciência, mas trabalha ao encontro da perspectiva científica, já que tem por fama contrapor os argumentos oriundos da experimentação- proposições científicas. A ciência não pode desejar, repisa-se, que o sujeito parta do pressuposto de que toda verdade científica é a mais adequada e a única valorativamente válida, como assaz se pensa. Outrossim, a ciência não está autorizada a assumir a ordem das razões no mundo, mas não por conta de uma proibição inata, mas porque ainda não apresenta elementos que justifiquem tamanha religião e idolatria [...].

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